Bloguinho #2 - Toda criatura viva na terra morre sozinha
Se você nunca assistiu, pare e vá Netflix ou na locadora do
Paulo Coelho agora e busque a obra-prima de Richard Kelly, já que o
filme independente que se tornou cult, Donnie Darko, será o tema
desta postagem.
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Ainda estou esperando você ir lá ver o filme.
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Beleza, agora acho que só os que assistiram ficaram (ou talvez
nenhum, já que eu fico sacaneando o leitor dessa forma).
O filme em questão é famosinho no meio underground de ficção
científica, também entre a galera dos filmes independentes. Custou
4,5 suados milhões de dólares, que foram conquistados depois de
muitas discussões com produtores, foram o combustível para o
diretor e roteirista Richard Kelly dar vida a sua primeira história
(seus fãs ainda discutem se é ou não a melhor coisa que ele fez).
O interessante nessa obra, ao menos para mim, é como ela mexe com
telespectador ainda que não faça muito sentido. É claro que há
teorias e mais teorias para explicar o que acontece, mas o próprio
diretor admite no livro do filme que nem mesmo ele sabe a explicação
para aquilo.
Esse é o turning point de Donnie Darko. Não é uma obra para se
entender completamente, eu descreveria mais como experiência uma
sensorial e sentimental, ligada diretamente ao protagonista, seu
estado de espírito e sua visão de mundo.
O caso é: no fundo não importa o motivo da morte do
protagonista; importa o que ela significa para ele e para você. É
um lance de interpretação, sabe? Está claro na derradeira cena do
filme que Donnie percebe que nada faz sentido, que não adianta se
importar ou sofrer. Ele sorri e em sua cabeça e nas dos
telespectadores, as palavras de Vovó Morte ecoam como trovões numa
tempestade.
“Toda criatura viva na terra morre sozinha.”
Essa frase é tão sincera e brutal ao mesmo tempo, tão
previsível também, mas é algo em que nenhum de nós se deixa parar
para pensar. Não importa o quanto nos esforcemos, sejamos bons,
quantos amigos tenhamos ou o que nós faremos de importante em vida…
Morremos sozinhos como um cães sarnentos definhando no meio fio.
Donnie reflete a perfeita a angústia dessa frase desde a primeira
cena do filme; não é nada exacerbado ou exagerado na interpretação
do ator, é uma tristeza implícita em cada olhar, cada palavra, cada
piscada e suspiro. Pensando bem, parece doentio colocar dessa forma,
porém foi o que vi nas três ou quatros vezes em que vi e revi o
filme.
Donald Darko é um adolescente com qual me identifico ainda hoje.
Ele não é nada mais que qualquer um de nós, talvez um pouco mais
maduro e um tanto mais convencido da ausência de sentido disso tudo;
e que se justifica pelo egoísmo intrínseco em nós, o egoísmo que
chamamos de amor. O amor por Gretchen, por Samantha, por ele mesmo e
por nada.
E também pela igualmente egoísta fascinação por Frank, que em
termos teóricos, representaria as dúvidas pelas quais aspiramos
desesperadamente soluções, diariamente. Um coelho bizarro e uma
data para o fim do mundo (28 dias, 6 horas, 42 minutos e 12 segundos,
eu repito dia após dia, para não me esquecer do que significa).
É engraçado pensar nos elementos desse filme e como é um dos
meus favoritos, mas a ironia risonha vai por água abaixo quando
lembro do protagonista depressivo e problemático pelo qual sou
fascinado. Até vejo um QUÊ de loucura na minha fascinação por
Donald, contudo, consigo lidar com isso.
O que não dá para lidar é que: excedi o limite de palavras por
aqui, ainda que não tenha falado um terço do que quero sobre Donnie
Darko, talvez eu escreva mais sobre no futuro, quando rever o filme e
precisar desabafar sobre como ele é marcante pra mim.
Bom, abraço do Coelho Frank, e até a próxima. (leia o livro de
Donnie Darko, é ótimo, muito bom mesmo, tem o roteiro e tudo mais!)
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